Falando em Metrô

- Próxima estação, Cardel Arco Verde. Desembarque pelo lado direito. - Anunciava a gravação do metropolitano transportes urbanos (Metrô Rio) aos usuários.Ele, sentado, pensava na vida enquanto seu distante destino se aproximava aos poucos.

Ainda estava na estação botafogo quando vê um pai entrar segurando seu filho pelas mãos. O menino aparentava ter 6 anos e uma hiperatividade incrível.

A esta altura só restavam os lugares laterais, inclusive as cadeiras laranjas destinadas a idosos, gestantes, portadores de necessidades especiais e pessoas com crianças de colo. O pai sentou na cadeira verde. O filho na laranja, mas o pai chama a atenção dizendo ao filho que ele poderia ficar ali até que uma das pessoas que entrasse no vagão fossem parecidas com as daqueles desenhos no adesivo da Janela.

O filho se empolgou com a "brincadeira" e olhava atento para a porta a cada estação aguardando que entrasse alguém que ele pudesse ceder seu lugar. Não demorou muito uma senhora entra e o garoto prontamente se levanta cedendo o lugar e indo para o colo do pai que o congratula com dizeres e afagos.

As duas cadeiras laranja tinham vagado e a senhora então chama sua neta para sentar ao lado dela. O momento é de tensão: Afinal de contas o menino tinha cedido seu lugar para a senhora por que a regra e as indicações de seu pai o tinham dito e uma outra menina da mesma idade dele senta na outra cadeira deixando o menino no colo do pai. Este, um exímio educador na opinião daquele que observava a tudo, tentava achar uma explicação para que o menino não se sentisse injustiçado por ter sido bom. Era notório o nervosismo do pai que só se acalmou diante dos dizeres do filho.

- Agora tá certo né pai? dei meu lugar aquela senhora e a menina que está com uma criança no colo.

A criança era a boneca que a doce neta segurava. Ele e o Pai ficaram impressionados com a genialidade do jovem rapaz. E assim todos se tranquilizaram.

Ao chegar na estação Glória, a senhora se levanta e sua neta e o menino trocam um olhar carinhoso. Ele até diria que era poético, via um possível namorico ali se fossem alguns anos mais velhos e se conhecessem. As portas se fecham e o menino volta a sentar na cadeira laranja observando atentamente.

A viagem continua, ele impressionado com o episódio pensava como era bonito aquele relacionamento educativo, via possibilidades para o futuro do mundo e começava a refletir quando, na estação Presidente vargas tem seus pensamentos interrompidos pelo Menino que aos brados conclamava:

- ALI PAI!!! AQUELA MULHER ALI É VELHA NÉ? DÁ PRA ELA SENTAR AQUI ENTÃO!!!! - apontado para uma senhora aparentemente de 40 anos.

Naquele momento ele só pensava em duas coisas: Ou aquela mulher saltava rápido ou a que estação Saenz Peña chegasse logo para que pudesse gargalhar normalmente.