quarta-feira, dezembro 06, 2006

O Descendente dos Von Hölf

Nos idos de 1999, ele caminhava pela Rua Conde de Bonfim numa manhã de domingo. Era uma manhã nervosa para uma série de pessoas que estavam encarando mais um desafio de vestibular. Ele estava tranquilo, pois já estava no segundo período de Desenho Industrial. Estava ali em frente àquele colégio apenas por acompanhar um amigo que pelo horário estava terminando a prova.

Não demorou muito, seu amigo tinha chegado. Ele, seu amigo, um velho americano conhecido pelos dois e mais alguns vestibulandos comentavam a prova. Eis então que uma senhora, vindo ninguém sabe de onde começa a indagar sobre o motivo de estarem ali. Ao saber que se tratava de uma prova, ignorou o fato e começou a falar sobre a vida dela. Acanhados, não quiseram interromper e nem ignorar a Senhora e num gesto de caritativa escutaram a fascinante história de sua vida.

Fascinante seria pouco, nem mesmo Edgar Allan Poe seria capaz de criar uma história daquelas. Uma jovem rica, que teve seu dinheiro todo roubado, acolhida por um Senhor gentil que a ajudou a arranjar um trabalho, a se sustentar mas nos momento seguinte começou a fazer experiências e a usá-la como cobaia. Afirmou-se que ela teria sangue de vampiro. Mas que na verdade o Sangue era de seu anfitrião cientísta, um vampiro sanguinário, frio e calculista e então a Senhora aponta para ele que ali escutava a história, ele que tranquilamente fora acompanhar um amigo num famoso colégio da conde de bomfin, ele que havia estudado nesse colégio. E essa Senhora olhando firme, com o dedo em riste, sem medo de ser reconhecida e sem exigir uma sala espelhada afirma.

- Você! você se parece muito com ele! Só que mais Jovem! Aposto que você é um deles! Você é um descente dos Von Hölf!

Ele não tem reação. Os nomes que carregava eram originários de Portugal e Espanha. Não havia chance alguma de sua genealogia esbarrar com alguem de origem germânica. Talvez agora com uma prima que casou recentemente com um alemão, mas antes e com ele não! Então, com toda a convicção que estava sendo vítima de um engano, nega. Mas a senhora afirma com uma certeza tão grande que põe a própria certeza dele em xeque. Os outros olham prendendo o riso e no momento seguinte a Senhora desconversa e pergunta como foi a prova. E Resolve ir embora. Levando consigo toda a tensão gerada por aquela acusação.

Ele retorna a casa, rindo bastante com os 2 amigos do episódio inusitado e da constatação que tinham encontrado uma pessoa que misturava fantasia e realidade. Chegando em casa a mãe pergunta o que ele gostaria de almoçar e ele responde.

- Mãe, tem algum Alemão de nome Von Hölf na Família?

Um comentário:

Anônimo disse...

Ótema! Belo post. E vim aqui também para agradecer o lindo comentário que deixou! Beijos, amigo querido!