segunda-feira, agosto 15, 2016

Contos da JMJ Rio2013 - Ep.04 - A Menor Distância entre nós e um Papa!



O segundo dia de JMJ foi surpreendente. Pois era um dia onde não tinha nada planejado e nem convocado para o trabalho voluntário. Tanto é que passei meu dia trabalhando normalmente no Cecierj. 

Mas fui surpreendido ao chegar perto de casa, na Praça Saens Pena onde as ruas estavam sendo gradeadas e as pessoas se acumulando nas calçadas.

Localizando uma voluntária imediamente perguntei:

- Escuta, o que tá rolando por aqui?
- O Papa vai passar porque ele vai até o Hospital S. Francisco visitar os doentes e inaugurar uma ala Nova.
- Caramba! Agora?
- Daqui a uma hora mais ou menos. Estou tensa porque não temos voluntários suficientes pra fazer o cordão.
- CORDÃO?
- Sim. Você é Voluntário? Pode compor o cordão!
- Dá licença que vou em casa buscar minha camisa, meu crachá e minha esposa e já volto.

O Cordão de Voluntários é um grupo de pessoas que montam uma fila de isolamento pelo caminho do Papa. Caso Alguém ultrapassasse a grade, estaríamos lá pra não deixar essa pessoa passar a gente. Ficamos de costas para o Papa e de frente para as pessoas visando exatamente isso.

Busquei a Carol, encontramos nossa madrinha Cris e fomos até a conde de Bonfim para o Cordão.

Ficamos lá mais uma hora e meia., começou a chover.. foi quando relaxamos, viramos pra rua e ficamos conversando uns com os outros aguardando o sinal para voltar a postos. 

E aí de repente surge uma comitiva de carros de escolta, mais uns dois carros e, de repente um carrinho branco com o pontífice olhando pela Janela.

Institivamente eu e Carol acenamos pro Papa que respondeu nosso cumprimento e foi embora.

Alguns segundos depois eu e Carol nos viramos e nos damos conta
- Pera! A gente acenou pro Papa? Mas a gente não tinha que... tipo... ninguém avisou pra ficarmos a postos

Por alguns segundos, 2 metros e um aceno... o Papa nos cumprimentou.

E aí Definitivamente ESSE dia foi o mais próximo que chegamos de um Papa.

Não. Não tenho foto, video, nada desse momento. Apenas está guardado na memória. E assim ficará!

quarta-feira, agosto 10, 2016

"No Capricórnio...


Hoje é daqueles dias em que tenho muito a agradecer. Um ano atrás eu acordava na cama de um Hospital me preparando psicologicamente para entrar na mesa de cirurgia. Era uma segunda feira, pós dia dos pais. Eu havia dado entrada na Casa de Saúde São José na noite anterior. A noite do meu primeiro dia dos pais com a Gabi completando um ciclo de 3 meses de gestação.

Aqueles foram dias bem intensos. Poucas semanas depois que descobrimos que a Gabi estava vindo, numa manhã de julho fui fazer um exame com a certeza que seria uma mera Rotina. Mas após o exame, enquanto me preparava para voltar a sala de espera o médico responsável informa para a Carol que tinha encontrado um pequeno tumor e que, pela aparência era maligno.

Era o início de um duro golpe. Foram necessários mais alguns dias para confirmar o que o médico disse que aparentava mas era isso mesmo. Eu estava com câncer! 

Uma palavra forte, que assusta, que impacta e que, naquele momento se intensificava. Como era possível em um dia estar comemorando a alegria, o milagre da vida, e duas semanas depois receber uma notícia que remete ao fato que a vida, a qualquer segundo, a qualquer momento, pode acabar? Eu tive ao mesmo tempo que conviver com a alegria de ser pai e o medo da morte, senão com o medo de um tratamento pesado logo após.

Enquanto me preparava para a cirurgia (um mês) tentava de tudo para me alienar da situação. A maior chance era o Anima Mundi. Ia para as sessões feliz de assistir curtas animados. Mas saia chorando de me dar conta da quantidade de filmes onde o tema "Morte" e "Orfãos" eram frequentes. 

Foi aí que, num dos dias do festival, preso num engarrafamento monstro (3 horas na Ayrton Senna) eu resolvo dividir aquela dor com alguns amigos, os meus fraternos de CL, escrevi via Whatsapp enquanto o carro não andava, contei tudo que estava passando, as preparações, o medo de deixar a Carol, de não conhecer a Gabi pessoalmente.

Ali algo mudou, de repente uma tranquilidade bateu no coração. Não era a certeza de que tudo terminaria bem (bem na minha medida) mas era uma tranquilidade de encarar a realidade. Sim. Parecia que alienar seria bom, mas o que ajudou de fato foi encarar o fato! Eu tinha uma doença grave e precisava tratar. Era isso. Não adiantaria ficar pensando na expectativa do que ia ser a vida, do que ia acontecer. Tinha que encarar aquilo.

Os momentos de desespero foram diminuindo aos poucos. Tinha algumas preocupações. Por exemplo como é que a Carol estava encarando aquilo, como o nervosismo, stress, poderia estar influenciando na Gestação da Gabi, como eu iria dar as minhas aulas de agosto (sim gente! Amo demais meus alunos!).

E os momentos de encontro e conversa com as pessoas naquelas semanas antes foram bem marcantes. Nunca imaginaria virar para um amigo dos tempos da adolescência e pedir uma Unção dos Enfermos. Naquele dia confessar, comungar e receber a Unção pelas mãos do amigo Padre Leandro foi um grande presente de Deus. Dar a notícia para os familiares mais próximos também foi outro momento complicado. Eu estava desesperado para ver a reação que Graças a Deus foi surpreendentemente tranquila (pelo menos assim me pareceram). Assim como também dividir com os amigos como o Caio e a Tainah, meus queridos colegas da Faculdade, da Imaculada e Zueiros Nerds.

Mas é claro que, até esses momentos de dor, os episódios cômicos que parecem só acontecer comigo vão acontecer. Foi o caso do caminho até a mesa da cirurgia a um ano atrás. Enquanto levavam-me na maca eu olhava pro teto do hospital, aquelas luzes passando, passando, passando, eu rezava ave-marias e de repente minha cabeça é interrompida por uma voz efusiva de uma enfermeira:

- BOOOOOOOOOOM DIA SENHOR GABRIEL! SEJA BEM-VINDO AO CENTRO CIRÚRGICO!!!
Olhei pra ela e esboçando um sorriso amarelo disse com toda parcimônia
- Moça, não tem como essa frase soar simpática! Mil desculpas. NÃO TEM COMO!!!!

Ela deu uma leve risada, meio sem graça pela minha honestidade mas definitivamente não! Não era hora pra aparentar estar tudo bem.

Sem muitos detalhes, apaguei na mesa, acordei com a notícia que ia pro quarto e lá foram mais cinco dias de muitos momentos legais como a visita dos amigos, reaprender a andar, a respirar, enfim... a tudo.

Nos momentos de fisioterapia eu tinha a oportunidade de ficar no corredor do hospital olhando o Cristo redentor. Esse e os momentos de silêncio eram maravilhosos (e poucos) pois era a oportunidade que eu conseguia me ligar a Deus. Eram oportunidades raras onde pude conversar e principalmente, ouvi-Lo. Não a toa depois o Sr. Mineiro dizia que estava indo me visitar preocupado, querendo dar uma força, se surpreendeu ao entrar no quarto e dizer que meu olhar a ele que o tranquilizava. Ele dizia que eu tava muito em Paz. Era a certeza de estar amparado por Cristo e também no colo de Nossa Senhora.

A Carol, mesmo grávida foi a mais fiel companheira nesses dias. Se recusava a dormir fora. E saia muito raramente do quarto sob muita insistência pra lanchar. ("vai lá dar comida pro nosso filho" eu dizia - ainda não sabiamos se era menino ou menina).

E sozinho eu nunca fiquei. Quantas pessoas me visitaram naqueles dias:  Os meus Familiares, os familiares da Carol, Carlinhos, Mineiro, Jean, Nathy, Dani, Forti, Argento, Bezão, Letícia, Cadu, Paulinho, Paulinha, Bernardo, Kopp, Rita, Luiz Felipe, Flávio... Alguns mais de uma vez. Tinha dia que o médico que entrava pra fazer os exames de rotina teve que perguntar "Quem era o Paciênte?" de tanta gente que estava lá.

Sem contar os amigos que a distância rezavam e mandavam mensagens de apoio como o Walter, Rosângela, Adriana, Julia, Fabiano, Bruno, Natalie, Beth, Leandro, Tatiana, Valéria, Gabi, Cris, Alfredo, Dot, Afonso, Marta, Simone, Kátia, Aline, Leo Caldi, Thierry, Ana Paula, Andrea, Mahalo, Mara, Lucio, Nandinho, Poca, Brenno, Luisa, Paixão, Ana Paula (Dinga), Paty, Cadunico, Sami, Fábio, Cid, Karina, Gordeeff,  Bruno, Renata, Guilherme, Judith, Vittorio ou seja, os amigos de CL, da Imaculada, da Veiga e do Cecierj. Alguns apenas nem sabiam do que se tratava (e não sabem até agora lendo isso.). Sabiam que eu ia apenas "fazer uma cirurgia" sem saber do que se tratava. E fiquei muito feliz pelo carinho e respeito em não insistir. Pra mim bastava que rezassem e torcessem sem precisar saber de tudo.

E depois desses dias me recuperando e voltando pra casa restou aguardar as notícias. E é claro, esperar era outro tormento,mas as notícias iam vindo aos poucos, e sempre boas: Foi um tempo pra descobrir que tudo na Cirurgia foi um sucesso, mais um tempo pra descobrir que, se tivesse quimio, não ia ser pesada e por fim, praticamente 2 meses depois da cirurgia, veio a notícia que não ia ter quimio, que bastou a cirurgia e agora era acompanhar.

O tempo passou tão rápido que nem dei conta e já se tinha passado cinco meses e já estava dando aula na UVA, trabalhando no Cecierj, comemorando meus 35 anos e já ansioso pelo nascimento da Gabi.

Hoje sou grato por aqueles dias (Como Martin Valverde que mesmo sabendo que câncer não é capricórnio, foi grato) que me ensinaram a valorizar a importância de estar com quem amo, a importância de não deixar a vida apagar, de saber que a circunstância não apaga a beleza da vida, de evitar ao máximo as anestesias que não fazem sentir. E tudo isso marcou-me a um ano, quando entrei num centro cirúrgico com um Tumor e saí sem ele.

É a vida! pra ser vivida! Em seus pontos altos e baixos. Pois ja dizia o poeta...
"É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração 

Mas pra fazer um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
É preciso um bocado de tristeza
Senão, não se faz um samba não 

(...)
Feito essa gente que anda por aí 
Brincando com a vida
Cuidado, companheiro! 

A vida é pra valer 
E não se engane não, tem uma só 
Duas mesmo que é bom 
Ninguém vai me dizer que tem 
Sem provar muito bem provado 
Com certidão passada em cartório do céu 
E assinado embaixo: Deus 
E com firma reconhecida! 
A vida não é brincadeira, amigo 
A vida é arte do encontro"

Vinícius de Moraes - Samba da Bênção

segunda-feira, agosto 08, 2016

Contos da JMJ Rio2013 - Ep.03 - Pessoas perdidas, Maristas e um verdadeiro planeta!

Primeiro dia oficial da JMJ foi já colocando a mão na massa. Eu e Carol fomos escalados a trabalhar como "Posso Ajudar?" na praia de copacabana. Ficamos na função de meio dia às 18h.

Ja no Metrô encontramos uma série de peregrinos procurando pelas estações em Copacabana. Ja comecei os trabalhos dentro do trem mesmo. Logo em seguida encontramos os amigos para em seguida nos dividir pela praia

Descemos na estação Cardeal Arco-Verde e então...


Era impressionante e contagiante a empolgação de todos. Pessoas de diversas cidades, países, unidas pelo mesmo sentimento: encontrar a Cristo. A praia de copacabana era um encontro de várias nacionalidades. Estava um dia bem frio - 15 Graus. Por essa razão era possível ver suíços brincando na areia e mergulhando na água. Tinha uma menina do Paraguai que mergulhou no frio mesmo porque era a primeira vez que ela via o mar.


Muitas pessoas pediam informações, e teve uma menina que se perdeu do grupo. Ela foi minha cruz do dia. Explicou que estava com um grupo de pessoas da paróquia (não vou revelar nem a cidade), pediu um minutinho pra ver uma coisa e quando voltou ninguém estava mais lá. E aí foi uma reclamação atrás da outra sobre o bando de desnaturados que a tinha deixado sozinha naquela cidade. Eu tentava ligar pro responsável e ninguém atendia. Quanto mais eu ligava mais a menina falava mal.

Eu pedia calma e dizia que só ia deixar ela quando encontrasse o grupo e a cada segundo que passava eu queria mais e mais encontrar o grupo! Até que numa hora o cara atendeu. Expliquei o caso. Ele disse onde estava e eu levei ela a ele. Mas a cara dele de que não queria encontrar com ela era NOTÓRIA! (não o culpo. Porque a menina ENCHIA mesmo a paciência.) Porém Paciência é uma virtude que todo Cristão deve ter... fiz a minha parte... agora era com ele. HEHEHEHEHEHE...

Depois passeamos mais um pouco. Tiramos fotos e de repente eu vejo um grupo de alunos com o símbolo Marista. Eis que comento com a Carol.
- Olha! Maristas!
E não imaginava que minha fala daria uma reação em cadeia. Vários deles entendendo que eu era um antigo aluno marista, vieram a minha volta pularam, comemoraram. Eram alunos Maristas do México. O Irmão que acompanhava o grupo vira pra mim e pergunta:
- És Marista?
- Viva S. Champagnat - Respondi
- VIVA S. CHAMPAGNAT! - Disse o coro em volta. Claro que tiramos fotos!

E no meio de tantas bandeiras é claro que corri atrás de uma bandeira Irlandesa (Como não abraçar os Irlandeses?).
Foi o início de uma Jornada Mundial realmente. Nos dar conta que tantos povos diferentes formavam um só Povo era o maior presente daquele dia que terminou com a missa de abertura celebrada por D. Orani.
Era apenas o começo. Tinha muito mais coisas vindo por aí

quarta-feira, agosto 03, 2016

Parenthood: Cool but tiring

Aí no meio da madrugada, sua esposa acorda repentinamente, olha pra você e, lhe dando uma almofada azul diz "Segura ela um pouco pra mim enquanto durmo mais um pouquinho"
Desesperado você corre até o berço e vê que sua filha ainda está lá desde a hora que a colocou pra dormir.
Olha pra sua esposa e antes de conseguir falar qualquer coisa ela já apagou virada pro outro lado da cama.

segunda-feira, agosto 01, 2016

Contos da JMJ Rio2013 - Ep.02 - A chegada do Papa e o Samba no pé.


O Papa francisco chegou no Rio no dia 22, uma segunda-feira. Eu trabalhava próximo a um dos lugares que o papa móvel iria passar no Centro da Cidade. Combinei com a Carol que nos encontraríamos no Edificio Avenida Central.

Fui rapidinho mandar fazer uma camisa com o último quadrinho da HQ do Papa Francisco (diga-se de passagem, muitas pessoas me perguntaram onde eu tinha comprado aquela camisa. Perdi um negócio milionário...)

Nos posicionamos na Almirante Barroso e lá ficamos aguardando junto com a multidão o Papa Chegar. Não via um Papa ao Vivo desde 2007 quando São João Paulo II rodou a bengala em pleno maracanã (cara!!! eu vi um Santo canonizado rodando uma bengala a la carlitos!). Aguardamos um bom tempo (só para lembrar, foi naquele dia em que o motorista do Papa errou a entrada e ficou engarrafado no trânsito).

Foi quando de repente...

Essa filmagem não mostra metade do que foi esse momento. Eu dizia que aquilo foi o mais próximo que eu cheguei de um Papa.

Fomos pra casa e decidimos encontrar dois queridos amigos Caio (conhecido aqui antigamente como Sr. Marzullo) e sua atual noiva Taináh. Fomos ao Recreio ver a recepção dos peregrinos de fora na Imaculada Conceição...

Eis que me surpreendo com a BATERIA da UNIDOS DA TIJUCA recebendo a galera com muito samba.

É eu sei gente, eu falar de samba, de carnaval é meio raro... até porque "Carnaval de Nerd é no Bloco de notas". Mas eu tenho curtido muito a Unidos da Tijuca... e fiquei bem surpreso de ser justamente essa a bateria recepcionando os peregrinos. A notícia foi tão surpreendente que meu Celular arriou a bateria.

Ali imaginei que seria bem surpreendido nos dias subsequentes... (e não estava errado). Mas é papo para outro post.